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Natal guloso do baby boy

Todos nós sabemos que, nesta quadra, abundam os doces e os docinhos nas mais diversas formas e com crianças pequenas devemos ter alguns cuidados especiais quanto à alimentação. No livro "Deixe-os comer terra", de Brett Finlay e Marie-Claire Arrieta (de que já vos falei neste post sobre vacinas e neste post sobre o desmistificar do contacto das crianças com os micróbios no dia-a-dia), os autores recomendam que se mantenha o açúcar dado às crianças numa quantidade mínima pois "um bebé guloso vai, provavelmente, tornar-se uma criança gulosa", para além de que "quanto menos açúcares refinados o bebé ingerir, melhor, tanto para ele como para os biliões de micróbios que se deleitam com tudo o que termina na barriguinha dele". 

Desde que introduzi a alimentação complementar ao meu pequeno pirata, agora com 19 meses, que a preocupação com alimentos açucarados ou demasiado processados tem sido constante. Sinal disso, foram os livros que vieram viver cá para casa: "Comer bem, crescer saudável", de Joana Moura e Joana Appleton Figueira, "Mãe, quero mais!" da Leonor Cício ou o "1,2,3 Uma colher de cada vez", de Maria Antónia Peças e João Breda (para conhecerem um pouco mais sobre a minha forma de ver a alimentação dos mais pequenos e conhecer os meus blogs preferidos, podem ler o post "a arte de descomplicar na hora da alimentação" ou ainda o post sobre Montessori e Baby Led Weaning).

E claro que, chegada a altura do Natal e com maior oferta de doces em casa, tive a preocupação de preparar algo especialmente para o baby boy, quando os adultos se estivessem a deliciar com rabanadas, sonhos e outros doces natalícios. E assim, "nasceram" o Pai Urso Natal e o Queque da Lapónia, a partir de duas receitas que adaptei do livro "Comer bem, crescer saudável".

PAI URSO NATAL

Ingredientes (para 4 a 6 bolinhos): 4 ovos, 2 bananas maduras e grandes, 4 colheres de sopa de farinha de côco (utilizei esta da Origens Bio), 1 colher de chá de óleo de côco (utilizei este da Origens Bio).

Preparação: cortar e esmagar as bananas e misturar com os ovos e a farinha de côco. Derreter o óleo de côco e pincelar uma forma para muffins que tenha um desenho engraçado (utilizei uma em forma de urso). Colocar a mistura nas formas e levar ao forno a 180ºC durante 15 min.

Sobre a receita original... Sugere adicionar maçã e mirtilos qb por cima da massa, depois de colocada nas formas. 


QUEQUES DA LAPÓNIA

Ingredientes (para cerca de 10 queques pequenos): 1 ovo, 1 banana esmagada, 3 colheres de sopa de farinha de aveia, 3 maçãs pequenas raladas, amêndoa e avelã triturada qb.

Preparação: misturar muito bem o ovo, a banana esmagada, a farinha de aveia e a maçã ralada. Após todos os ingredientes bem misturados, adicionar a amêndoa e a avelã e misturar mais um pouco. Colocar numa forma para muffins com um papel giro e levar ao forno, durante 10-15 min a 180ºC. 

Sobre a receita original... É preparada com 80g de aveia que, depois de adicionada à mistura, hidrata durante 10 min. Como apenas tinha farinha de aveia, optei por fazer esta alteração. Na receita original, é também indicado adicionar 1 colher de sopa de puré de maçã (sem açúcar, feito em casa ou de compra) e apenas 1 maçã ralada. Como também não havia por cá puré de maçã e decidindo descomplicar, optei por substituir o puré por mais quantidade de maçã ralada e olhem que fica bem simpático! Na receita original, também é adicionada apenas amêndoa mas eu decidi dar um pouco mais de sabor com a avelã.


Sobre a introdução de frutos secos... Como todos sabem, os frutos secos são potencialmente alergénios. O meu filhote já tem 19 meses, não existem casos de alergias na família e há total luz verde do pediatra para dar todo o tipo de alimentos, promovendo a alimentação em família. Assim, não temos restrições na utilização de frutos secos na sua alimentação. Pode parecer estranha a utilização destes ingredientes não tendo ele ainda dois anos, mas é a nossa opção, pelos motivos que escrevi acima. Tenham presente que uma alimentação o mais variada possível irá fazer maravilhas pelos vossos pequenos e devem discuti-la com o vosso pediatra. No livro "Deixe-os comer terra", os autores dizem-nos que "dada a forma como as bactérias reagem à dieta, ingerir uma variedade de alimentos é, provavelmente, a melhor maneira de aumentar a diversidade microbiana. Além disso, não há melhor altura para estabelecer uma flora microbiana diversificada do que durante os primeiros 2-3 anos de vida. Lembre-se de que as nossas comunidades microbianas permanecem praticamente inalteradas após a primeira infância, tornando essa a altura ideal para promover uma flora microbiana diversificada através da dieta". Mas é impossível não pensar em alergias alimentares quando estas aumentaram 50% entre 1997 e 2011 (segundo mesmo livro), daí tantas restrições serem feitas na introdução alimentar dos bebés. Estudos recentes têm demonstrado que a introdução tardia de alimentos com potencial alergénio parece estar a ter o efeito oposto ao desejado: as alergias alimentares têm vindo a aumentar em vez de diminuírem. No livro "Deixe-os comer terra" pode ler-se: "os alimentos alergénios devem ser introduzidos da mesma forma que os outros alimentosa: lenta e gradualmente, a partir dos 4-6 meses [e não é assim que acontece para quem segue o BLW?]. (...) Durante os primeiros meses de vida, a exposição do sistema imunológico gastrointestinal aos alimentos encoraja a tolerância imunológica. Além disso, assim que um alimento alergénio é introduzido, parece ser igualmente importante manter uma ingestão frequente e regular no início, a fim de manter a tolerância e prevenir verdadeiramente uma alergia alimentar". Por aqui - e volto a repetir, depois de abordada a questão com o pediatra, com o histórico familiar e feita alguma pesquisa - não há problema na introdução deste tipo de alimentos e é, até incentivada! Pelo que é o que faz sentido na nossa família, não tendo de ser a receita infalível para todas as outras famílias.

E depois contem-me o que acharam destas duas receitas... Bom apetite!

Comentários

  1. Adorei as receitas, são muito parecidas com as que faço para o meu baby, que tem quase 15 meses. Quanto aos frutos secos, estou de acordo; comecei a introduzi-los antes do ano, em farinha (misturada em bolos, por exemplo), tal como as sementes, também trituradas, e gradualmente fui experimentando todos eles para ter a certeza que não há alergias. E com isso ganhamos imenso, porque o valor nutritivo destes alimentos é brutal.

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    1. Por aqui, o baby boy adorou mesmo! Já o pai, um guloso convicto, nem por isso eheheh Mas fazemos questão de ter estas opções saudáveis para momentos de festa em família para que o nosso filhote possa desfrutar de algo diferente sem cair nas asneiras dos adultos. A introdução dos frutos secos é sempre algo controverso e depende muito da abordagem que o profissional de saúde que acompanha a criança (e das opções enquanto família) mas efectivamente cada vez mais são os estudos que dão pistas para que a sua introdução ocorra mais cedo do que aquilo que estávamos habituados, desde que a família não tenha histórico de alergias. Como em qualquer outro alimento, basta estarmos atentos a possíveis sinais de alergia/intolerância. E sim: ganham-se refeições mais ricas nutricionalmente e sabores diferentes que apenas irão fazer bem aos nossos mais pequenos. Um bom ano para si!

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